sábado, 23 de janeiro de 2010



Tinha a menina Loló 
Uma sábia bonequita: 
Aquilo, bastava só 
Puxar a gente uma guita
Que lhe pendia por trás,
sob o vestido de lã,
Para abrir a boca e zás!
Dizer papá e mamã!


Ora a Loló também tinha
Uma gata (era maltesa).
Essa, porém, coitadinha,
Era muda, com certeza.
Miava apenas; mais nada.
De maneira que a pequena
Andava desanimada,
até chorava com pena!


Um dia pensou: «Talvez
A doença tenha cura...».
(A doença era a mudez
Da citada criatura).
Se o mesmo fizer à gata
Que à mona, quem sabe lá
Se a língua se lhe desata
E diz mamã papá.


Dito e feito. A pequerrucha, 
Quando a bichana dormia,
Puxou-lhe a cauda gorducha:
Dois saltos fenomenais,
Uma forte arranhadela.
E... quem chamou pelos pais
Não foi a gata,  foi ela!


Desde então Loló, se passa
Ao pé dum gato ou dum cão,
Não lhe toca nem por graça,
Pois lhe serviu de lição.
Não compreende, porém,
Qual venha a ser, afinal,
A serventia que tem
A cauda dum animal...


Acácio de Paiva


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