(...)
Sê o Dia-Eterno e que os meus poentes sejam raios do teu sol, possuídos de ti.
Sê o Crepúsculo Invisível [?] e que as minhas ânsias e desassossegos sejam as tintas da tua indecisão, as sombras da tua incerteza.
Sê a Noite-Total, torna-te a Noite Única e que todo eu me perca e me esqueça em ti, e que os meus sonhos brilhem, estrelas, no teu corpo de distância e negação...
Seja eu as dobras do teu manto; as jóias da tua tiara, e o ouro dos anéis dos teus dedos.
Cinza na tua lareira, que importa que eu seja pó? Janela no teu quarto, que importa que eu seja espaço? Hora (...) na tua clepsidra, que importa que eu passe se por ser teu ficarei, que eu morra se por ser teu não morrer, que eu te perca se o perder-te é encontrar-te? -
(...)
Bernardo Soares
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